Joana Almeida Silva, Jornal de Notícias, 11 de
Agosto de 2016
O presidente da Associação de Oficiais das Forças
Armadas, António Mota, diz que é um «crime de lesa-pátria» a
atribuição a empresas privadas do combate aéreo aos fogos florestais.
«O poder político afastou por completo a Força
Aérea do combate aos incêndios e isso ninguém entende. É um crime de
lesa-pátria», critica o presidente da Associação de Oficiais das Forças
Armadas, António Mota, em declarações ao «Jornal de Notícias».
Aquele tenente-coronel diz que não faz sentido os
portugueses estarem a pagar o combate aos incêndios a empresas privadas depois
de existir uma rede da Força Aérea capaz de responder ao flagelo, com
aeródromos e profissionais.
«Os pilotos são pilotos o ano todo e não apenas no
Verão. São custos que os portugueses já têm. O piloto tanto sai para fazer o
transporte de bombeiros para a Madeira, como está a acontecer agora, como segue
para apagar um fogo em Arouca», disse.
António Mota acrescenta que «os militares estão
preparados e interessados nessa missão, mas alguém decidiu retirar essa
competência à Força Aérea. É um negócio que envolve muitos milhões de euros».
Críticas no Facebook
As declarações do presidente da AOFA surgem horas
depois de ter surgido na página oficial da associação no Facebook uma
publicação assinada por um coronel que critica o «negócio» aéreo que envolve o
plano de combate a incêndios em Portugal.
O texto, assinado por João Marquito, deixa clara a
crítica à forma como foi retirada às Forças Armadas a função de operar os meios
aéreos envolvidos no combate aos incêndios.
«O MAI (Ministério da Administração Interna)
recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate
a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual
estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu
‘interesse’ e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora
do país», pode ler-se na publicação.
Parece impossível... No final do século passado,
enquanto o combate aos incêndios florestais foi uma «Missão», a Força Aérea
Portuguesa operava os meios aéreos em Portugal, mas quando esse combate passou
a ser um «Negócio» arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os equiparem
ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição não aparecem
e....o flagelo continua.
Quais as vantagens? A centralização dos meios
aéreos na Força Aérea com custos reduzidos para o erário público, bem como a
poupança em termos de manutenção (dado o background existente)
e uma logística dos meios incomensuravelmente mais rápida e operacional.
Parece que, conforme noticiado em 9 Junho de 2016,
o MAI recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de
combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o
actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu
«interesse» e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora
do país.
Espanha, EUA, Grécia, Croácia, Marrocos, são
exemplos de países onde os meios aéreos de combate a incêndios são operados
pela Força Aérea local. Parece impossível...
Estudo na gaveta
O anterior governo pediu um estudo sobre a resposta
aérea de combate aos incêndios, que defende o regresso dessa competência para a
Força Aérea.
A garantia é reiterada pelo presidente da
Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, que explicou ao
JN que nesse relatório se identificam os meios que a Força Aérea precisaria de
voltar a ter para assumir a responsabilidade.
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