quarta-feira, 30 de novembro de 2016


CARTA ABERTA AO REI DE ESPANHA


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador

Mui Católica Majestade, Filipe VI

Ao pisar de novo a terra da Nação dos Portugueses, iremos recebê-lo com a galhardia da lusa gente, até porque, se está entre nós oficialmente, é porque foi convidado.

Lamentavelmente não temos hoje um Rei com igual majestade para o receber, pois não há nada como os laços telúricos do sangue e da terra, irmanados pelo espirito de servir e na crença do sobrenatural, que nos ultrapassa, para o correcto entendimento e tratamento das coisas e dos homens.

Território de Olivença e seu termo.

Todavia, não lhe irei dispensar as boas vindas.

Tal não tem a ver com as 18 invasões de que já fomos alvo durante uma História que partilhámos como vizinhos – nós também já as retribuímos algumas vezes; tão pouco tem a ver com a má memória que a dinastia (Filipina) – que V. Majestade herdou no nome – por cá deixou para todo o sempre.

Como sabe estamos prestes a comemorar mais um aniversário da sua feliz expulsão, através da aclamação de um Rei natural, num feriado há pouco reposto, que uma decisão política «infeliz», tinha extinguido.

Sabe, por cá sempre tivemos uns quantos compatriotas com responsabilidades, que se distraem das coisas importantes, quiçá fundamentais…

Olivença, no Alentejo.

V. Majestade certamente compreende o que estou a dizer, pois no seu Reino não se pode gabar de estar isento deles, também.

Tão pouco não lhe darei as boas vindas, pela má vizinhança – chamemos-lhe assim – que os governos que os vossos súbditos têm elegido, têm feito àqueles pedaços de terra rodeados de mar, a que chamamos «Ilhas Selvagens».

Espero que o bom senso e a diplomacia vão tratando da questão a contendo.

Castelo de Olivença, mandado construir por D. Dinis.

Também não queremos esquivar-nos a dar-lhe as boas vindas e à senhora sua esposa, por causa do «ataque» à economia e, sobretudo, às finanças portuguesas.

Nesse campo apenas tenho que vos tirar o chapéu, pois estão a fazer, naturalmente, o vosso papel. O problema maior, mais uma vez, é o facto de andar por cá muita gente distraída, para não lhes chamar outras coisas, sabe?

Igreja de Santa Maria Madalena – Olivença.

Não, aquilo que me leva a não lhe dar as boas vindas tem a ver com o facto da Coroa e da República Espanholas, não terem restituído a Portugal a portuguesíssima vila de Olivença e seu termo, que ocupam ilegalmente, «manu militare», desde 1815 (eu diria, desde 1807).

V. Majestade sabe certamente os contornos do caso e tem seguramente à mão, excelentes diplomatas e historiadores que lhe podem dar conta dos pormenores.

Calçada portuguesa, na «Plaza de Espana» – Olivença.

Vou apenas recordar-lhe o que um deles, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Fedrico Trillo Y Figueroa, disse, em 12 de Setembro de 1997, no Mosteiro de Santa Maria de Aguiar (Castelo Rodrigo), nas comemorações dos 700 anos do Tratado de Alcanizes. Disse ele, «Na questão de Olivença a Espanha não tem defesa».

Espero ter ilustrado o ponto.

Porta manuelina nos Paços do Concelho – Olivença.

Se nada mais fizesse, o reinado de Filipe VI, já teria algo importante na balança do «deve e do haver», ao tratar este assunto com deve, e limpava uma nódoa que não ilustra a nobreza dos povos que o ceptro de Castela foi unindo, ao longo dos séculos.

Com este caso resolvido, ou seja pela retrocessão dos cerca de 750 Km2, na modalidade a acordar entre Estados e Nações que se desejam amigas e colaborantes.

Nesse dia eu serei o primeiro a ir esperá-lo, Majestade, e dar-lhe as boas vindas.

E brindarei com um bom vinho de «Rioja» acompanhado de umas «tapas».

Fica prometido.

Deus guarde a V. Majestade.





terça-feira, 29 de novembro de 2016


Portugal na Ibéria




Repensar Portugal

A posição de Portugal na Ibéria deve ser vista à luz de vários factores.

Primeiro. Apenas uma forte identidade como a portu­guesa, fruto das parti­cularidades do seu povo e de novecen­tos anos de história rica de êxitos, poderia manter a sua indepen­dência face a um vizinho cobiçoso, militarmente mais po­deroso e ameaçador.

Segundo. O Estado espanhol, tutelado por Castela, per­manece um arqui-inimigo da independência portuguesa, ape­sar de hoje ser obrigado a agir de forma própria no quadro interna­cional actual, que já não lhe permite as veleidades militares de ou­trora, a que aliás assistimos até mesmo no século XX.

Terceiro. A luta dos movimentos independentistas das nações ibéricas hoje submetidas a Castela previsivelmente conduzirá, a prazo, ao desman­telamento do Estado espa­nhol, acontecimento apenas protelado pela ainda manuten­ção do regime monárquico, entretanto já posto em causa.

Quarto. A ultrapassagem económica de Portugal pela Espanha como consequência do acidente histórico do 25 de Abril de 1974 pode ser apenas um episódio conjuntural, dependendo a recolocação de Portugal na dianteira exclu­si­vamente das políticas portuguesas serem adequa­das, isto é, dependendo exclu­si­vamente dos Portugueses.

Quinto. O actual adiantamento conjuntural da Espanha se­duz alguns portugueses e é utilizado como isco por co­mer­­ciantes ávi­dos e sem valores patrióticos, tecnocratas apátridas e políticos e in­telec­tuais ven­didos a inte­resses castelhanos, que procuram camuflar os seus interesses materiais com variantes do velho ibe­rismo.

Sexto. A integração de Portugal e do Estado espanhol na União Europeia não significa de modo nenhum o desa­parecimento das fronteiras entre os dois estados, como pretendem falacio­samente os hiper-europeístas internos, com interesses co­merciais ou políticos, e os seus seguidores inconscientes.


Num momento em que se adivinha o desman­telamento do Estado espanhol, tornam-se visivelmente irrealistas as aspirações e a propaganda para realizar o sonho unifi­cador iberista de alguns. No entanto, o neo-iberismo, hoje mais de cariz mercanti­lista do que político, exerce sobre alguns responsáveis políticos portugueses, se não um certo fascínio, pelo menos uma influência inibidora dos seus deveres de Estado no relacionamento com o Estado espa­nhol, no­meadamente no cenário europeu.

Hoje, no cenário das instituições europeias, joga-se em grande parte não apenas o futuro de Portugal mas também as relações entre Portugal e o Estado espanhol. Aí, tal como ontem em Aljubarrota e Montes Claros, os representantes de Portugal devem demonstrar grande consciência e gran­de firmeza na defesa dos interesses portugue­ses.

O Estado espanhol ocupa ilegalmente as terras portu­guesas de Olivença e procura fazer cair no esquecimento o assunto. Portugal deve utilizar todas as tribunas interna­cionais à sua disposição, no­meadamente as insti­tuições europeias, a NATO e as Nações Unidas, para fazer valer os seus direitos e obter a reso­lução deste problema pendente.

Das previsíveis e inevitáveis mudanças profundas nas estruturas de Estado peninsulares resultará uma maior influência por­tuguesa no contexto ibérico. Com essa trans­formação política, também a língua castelhana per­derá influência na Europa e no mun­do e, consequente­mente, a língua portuguesa ganhará uma melhor posição relativa.






segunda-feira, 28 de novembro de 2016


A propósito de Olivença e da visita do novo Filipe


Declaração do Grupo dos Amigos de Olivença


Por ocasião da visita a Portugal do Chefe de Estado de Espanha, Sua Majestade o Rei Filipe VI, o Grupo dos Amigos de Olivença, torna público o seguinte:

A Questão de Olivença, inquestionavelmente presente na realidade política luso-espanhola, continua por resolver, uma vez que Portugal não reconhece a soberania de Espanha sobre o território e considera o mesmo, de jure, português. Aliás, o Governo português, conforme o comando constitucional, tem reafirmado publicamente que «mantém a posição conhecida quanto à delimitação das fronteiras do território nacional» e que «Olivença é território português».

O litígio à volta da soberania de Olivença, propiciando, pela sua natureza, desconfiança e reserva entre os dois Estados, tem efeitos reais e negativos no seu relacionamento. Se o confronto se evidencia em episódios «menores», também é certo que muitos dos atritos e dificuldades verificados em áreas relevantes da política bilateral terão causa na persistência da Questão de Olivença.

Porque uma política de boa vizinhança entre os dois Estados não pode ser construída sobre equívocos e ressentimentos, sendo escusada, inadmissível e insustentável a tentativa de esconder a existência política da Questão de Olivença e os prejuízos que ela traz ao relacionamento peninsular, impõe-se que a mesma seja inscrita — com natural frontalidade e sem subterfúgios — na agenda diplomática luso-espanhola.

Nas circunstâncias actuais, em que se procura aprofundar essa visão de amizade fraterna entre os dois povos, assente numa amizade antiga e por conseguinte experimentada, exigente e desafiadora, e integrando Portugal e Espanha os mesmos espaços políticos, económicos e militares, com salutar aproximação e colaboração em vastas áreas, são propícias a que ambos os Estados assumam que é chegado o momento de discutir, de forma adequada, a Questão de Olivença e de dar cumprimento à legalidade e ao Direito Internacional.

O Grupo dos Amigos de Olivença, com a legitimidade que lhe conferem 78 anos de esforços pela retrocessão do território, lança um desafio aos Governantes dos dois Estados para que, no respeito pela História, pela Cultura e pelo Direito, dêem início a conversações que conduzam à solução justa do litígio.

O Grupo dos Amigos de Olivença, na véspera do 1.º de Dezembro, dia em que se assinala a Restauração da Independência Nacional, obra do glorioso e unânime esforço colectivo do povo português, fazendo seus os anseios de tantos e tantos portugueses, apela ao Governo de Portugal para que, resolutamente, leve por diante a sustentação dos direitos de Portugal.

O Grupo dos Amigos de Olivença, apela a todos os cidadãos para que, no pleno exercício dos seus direitos, manifestem o seu apoio à defesa de Olivença Portuguesa.


OLIVENÇA É TERRA PORTUGUESA!

VIVA OLIVENÇA PORTUGUESA!





«Eu matei Castro — assinado: Deus»


Daniel Martins, IPCO, 26 de Novembro de 2016

Morre em Havana, aos 90 anos, o ditador comunista Fidel Castro. Perto de um século de tirania, de chantagem ao mundo Ocidental, de perseguição e matança de tantos e tantos que pereceram no seu paredón bradando «Viva Cristo Rei».

A sua morte faz lembrar a frase do ímpio filósofo Nietsche, cujos seguidores inscreveram no seu túmulo, logo após a sua morte: «Eu matei Deus – ass. Nietsche». Dias depois, um católico, não sem uma saborosa pitada de ironia, escreveu ao lado um epitáfio irrefutável e muito mais apropriado: «Eu matei Nietsche – ass. Deus». Contra factos, não há argumentos… Naquele lugar, jazia o cadáver de alguém que julgava ter morto, na mente dos homens, a ideia de um Deus transcendente e todo-poderoso.

Desejamos de todo o coração que, vencidas as convulsões que nos ameaçam de todas as partes, a Revolução, na qual Castro teve um infame papel, morra de uma vez por todas. É o que desejamos, motivo pelo qual lutamos, tendo Deus do nosso lado.




quinta-feira, 24 de novembro de 2016


O caso da CGD, voluntarismos e ilegalidades


Helena Garrido, Observador, 24 de Novembro de 2016

A CGD está desestabilizada, a capitalização adiada, brinca-se com o Estado de Direito e desprotege-se o banco da concorrência. Só pode ser voluntarismo, pois é inimaginável ter sido «o Estado sou eu».

No processo da Caixa chegámos a uma tal situação que a saída que melhor defende os interesses do banco é António Domingues ficar. Apesar de todos os atropelos que se fizeram a regras e a pessoas.

Desde Julho que vamos sabendo aos poucos que, no processo de escolha e nomeação da nova administração da CGD, foram desrespeitadas regras e pessoas, dos ex-administradores aos colaboradores do próprio banco. Mudaram-se as regras do jogo a meio do jogo, alterando o modelo de governação, deixou-se a ex-administração numa situação insuportável e fez-se todo um plano de reestruturação fora do banco.

Paralelamente o Governo muda um decreto-lei e assume que, por essa via, liberta os novos administradores das regras salariais impostas aos gestores públicos e da obrigação de apresentar a declaração de património ao Tribunal Constitucional. Assim respeitava duas de várias condições que foram colocadas por António Domingues para assumir a liderança do banco. Esperava com certeza o Governo que ninguém desse por isso. E ninguém deu, não fosse Marques Mendes ter denunciado o caso na SIC.

(Um pequeno parêntesis. Sim, nós jornalistas poderíamos ter investigado todas as consequências daquela mudança da lei. Era o que se teria feito num tempo em que os cidadãos em geral estavam dispostos a pagar pela informação. Este é um exemplo de como a falta de dinheiro e, por causa dele, a falta de tempo no jornalismo deixa que algumas notícias só cheguem à luz do dia pela voz de quem não é jornalista o que está longe de garantir a defesa dos cidadãos).

Foi preciso o Presidente da República dizer que as declarações de património tinham de ser entregues para que a situação se clarificasse. Isto depois de o ministro das Finanças Mário Centeno e o seu secretário de Estado Ricardo Mourino Felix terem confirmado que a intenção da mudança da lei era exactamente essa: isentar os gestores da CGD de apresentar a declaração de rendimentos.

O primeiro-ministro António Costa não caiu nessa ratoeira. Percebeu bem a controvérsia que isso ia gerar e terminou uma declaração sua sobre o tema com inequívoca frase: «Eu entreguei a minha…». Quem quisesse entender entendia imediatamente que o primeiro-ministro já estava a desresponsabilizar-se de eventuais compromissos que tivessem sido assumidos. Tinha acabado de tirar o tapete ao seu ministro e secretário de Estado e de rasgar o compromisso com a nova administração da CGD.

Claro que a lei sobre a declaração de patrimónios, revisitada publicamente com este caso da CGD, está longe de cumprir os objectivos para que foi criada: o de proteger os contribuintes, garantindo que quem mexe no dinheiro deles o faz com responsabilidade e sem se apropriar dele. A aplicação da lei tem servido mais para exercícios de voyerismo do que para proteger o dinheiro dos contribuintes. Mas é a lei que existe e tem de ser cumprida. Mesmo que consideremos que valia a pena mudá-la e torná-la mais eficaz, este não é o tempo para o fazer.

Paralelamente íamos sabendo que a nova administração da CGD antes de o ser já o era. Tinha estado a trabalhar no plano de reestruturação do banco e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho chegou a acusá-los de terem tido acesso a informação que deveria estar protegida. Foi desmentido pelo já presidente da Caixa, António Domingues. Que disse, genericamente, que com a informação pública se conseguia chegar aos números a que chegou para as necessidades de capitalização da CGD.

Pela ausência de criticas que fizessem eco, é de concluir que a maioria estava disponível para fechar os olhos a essa irregularidade e fingir que se acreditava que todo um plano para Bruxelas e Frankfurt se fazia com os relatórios e contas da CGD. Eis se não quando sabemos agora que António Domingues ainda era administrador do BPI quando representou o Estado português em nome da CGD em encontros em Bruxelas, com a comissária para a Concorrência Margrethe Vestager, e em Lisboa com a presidente do Mecanismo Único de Supervisão Danièle Nouy que esteve em Portugal em Maio. Respostas a questões colocadas pelo eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes.

Pode sempre argumentar-se que não há problema nenhum porque as pessoas envolvidas sabem guardar segredos, conseguem separar as suas funções. E, desse ponto de vista, o BPI nada ganhou com o facto de António Domingues, ainda administrador do banco nessa altura, ter protagonizado a defesa dos interesses da CGD junto de Bruxelas e Frankfurt. Sem dúvida que será assim e a carreira de António Domingues dá essas garantias.

Mantidas por isso as devidas distâncias, vale no entanto a pena recordar que uma das razões que é apontada para a crise bancária reside no modelo de supervisão então em prática – em Portugal e no mundo Ocidental –, que se baseava na confiança nas pessoas, nas suas carreiras e nas garantias que davam. As regras existem para nos proteger a todos e aos próprios. Se criamos excepções, haverá sempre alguma excepção que se revelará um erro. E os erros na banca pagam-se caros, como estamos a sentir.

O Governo cometeu erros graves em todo este processo. Por voluntarismo, por incompetência ou por considerar que tudo lhe é permitido numa versão de «o Estado sou eu», António Costa e Mário Centeno desrespeitaram as instituições, as pessoas e a lei. O que fazer agora?

Na situação em que nos colocaram é preciso escolher entre respeitar o Estado de Direito, e começar tudo de novo, ou manter a administração, para evitar males maiores para a CGD, que pode custar uma ainda maior desestabilização da instituição e, obviamente, mais dinheiro – já vai custar mais, uma vez que a capitalização foi adiada e com elevada probabilidade os recursos que tem de obter por via do mercado terão juros mais elevados. A escolha racional é manter António Domingues como presidente da CGD para evitar males ainda maiores. Um mau princípio para bons resultados, esperemos.






Der Spiegel

O plano secreto dos refugiados muçulmanos:

«islamizar a Alemanha» Der Spiegel

Uma trabalhadora dos campos de refugiados
elaborou um informe para os serviços secretos
em que alerta para o discurso de ódio
contra os cristãos e os alemães.


El número de musulmanes en Alemania

Juan Robles, Actuall, 21 de Novembro de 2016

Refugiados musulmanes planean «islamizar» Alemania. La noticia la publicó uno de los medios más importantes de Europa, Der Spiegel, pero apenas ha tenido eco en el resto del continente, y eso que la amenaza no es menor.

La fuente no es otra que los servicios secretos alemanes, el Bundesverfassungsschutz, y se basa en un informe elaborado por una traductora de árabe que ha colaborado con los musulmanes llegados a Alemania durante los últimos meses.

VER MAIS EM: http://www.actuall.com/persecucion/el-plan-secreto-de-los-refugiados-musulmanes-islamizar-alemania/ 






O pessimismo explicado

aos leitores de esquerda


João Miguel Tavares, Público, 22 de Novembro de 2016

Sais de fruto. Pastilhas Rennie. Comprimidos Omeprazol. Não se consegue escrever um texto a criticar o Governo de António Costa e a situação do país sem receber em troca uma receita médica, diligentemente prescrita pelos leitores de esquerda. O estado de saúde de quem votou no PSD ou no CDS inspira-lhes mais cuidados do que o estado do país: todo o nosso pessimismo é justificado por razões de azia e descontrolo dos sucos gástricos, devido à substituição do Governo de Pedro Passos Coelho pelo Governo de António Costa. É a homeopatia aplicada ao debate político — se diluirmos o pessimismo, o optimismo floresce, e Portugal voltará a convergir com a Europa.

Numa coisa, pelo menos, os leitores de esquerda têm razão: esta visão do estado do país e dos desafios que ele enfrenta é de tal forma alucinada que nem litro e meio de sais de fruto refreia a indigestão. Imagine, caro leitor, que você está endividado até ao pescoço. O seu ordenado cresce 1,5% ao ano (vamos ser optimistas), tem uma dívida gigantesca a crescer ao ritmo do seu ordenado, e paga ao banco juros anuais de 3,5%.

Diga-me, caro leitor: com o correr dos meses e dos anos, parece-lhe que a sua situação irá piorar ou melhorar? Eu diria (já digo há muito tempo) que não é uma questão de esquerda ou de direita, mas de matemática. Só que em Portugal há um número espantoso de pessoas que pensa da seguinte forma: a situação iria piorar, se fosse Pedro Passos Coelho que estivesse no governo, mas, estando lá António Costa, a situação vai com certeza melhorar. Não há matemática que perturbe o realismo mágico-ideológico da esquerda nacional.

Ao contrário do que se possa pensar, não sou um espectacular fã da anterior coligação PSD-CDS. Acho que se perdeu uma oportunidade para reformar mais profundamente o país. Acho que a explicação daquilo que se fez foi uma desgraça. Acho que Pedro Passos Coelho ficou preso a um chavão no Governo — «ir além da troika» —, como voltou a ficar preso a um chavão na oposição — «Vem aí o diabo» —, o que significa que, nesse aspecto, aprendeu muito pouco. Mas reconheço o seu esforço e coragem em várias áreas, e a capacidade para diminuir o défice de 11,2% em 2011 para 3% em 2015 (sem Banif, que foi já uma decisão de António Costa).

Ora, quando comparamos a indiferença generalizada perante a redução do défice em 8,2 pontos percentuais em quatro anos (média: 2,05%/ano) com o entusiasmo que uma possível redução de 0,5 pontos percentuais em 2016 está a provocar, percebemos que onde Costa arrasa Passos Coelho não é na capacidade de governar, mas sim na capacidade de se autopromover. Costa vende-se muito bem a gente cheia de vontade de o comprar, porque está farta do discurso dos sacrifícios e da tanga.

Só que, infelizmente para Portugal, o país não se reforma com excelente comunicação, e a tanga e os sacrifícios são realidades incontornáveis no estado em que nos encontramos. É claro que António Costa fez pela sorte, com uma solução de governo inesperada que se tem mostrado resiliente, e que a sorte não o tem abandonado — enquanto o BCE continuar a comprar dívida, há esperança para ele. Mas a economia não muda, os problemas estruturais não desaparecem, as regras da matemática não se alteram só porque Costa passeia a sua calma de monge budista pelas televisões. Lamento: quem for minimamente lúcido só pode estar pessimista em relação ao futuro do país. Por muita pastilha Rennie que meta no bucho.





quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Triunfo de Trump: luzes e sombras


Republicanos comemoram a vitória de Donald Trump

Credo Chile, 14 de Novembro de 2016

O que triunfou nos Estados Unidos foi claramente uma reacção conservadora, desgostosa com os rumos que norteiam a política norte-americana nos últimos anos.

As consequências das eleições norte-americanas podem de tal modo significar uma grande reviravolta na situação do mundo, que seria completamente sem sentido uma «análise da semana» que não se referisse ao triunfo de Trump.

Abordamos a questão do ponto de vista estritamente apolítico e dos interesses da civilização cristã, que são as perspectivas do Credo Chile.

O que triunfou nos Estados Unidos foi claramente uma reacção conservadora, desgostosa com os rumos que norteiam a política norte-americana nos últimos anos. E o que nela houve de substancial confirma-se no amplo apoio obtido pelos candidatos republicanos em ambas as Câmaras.

Tudo isso indica uma recusa da opinião pública norte-americana àquela corrente de pensamento predominante entre os democratas, conhecida como «politicamente correcta», isto é, ao establishment.

Não obstante essa reacção anti-establishment seja profundamente saudável, ela não deixa ao mesmo tempo de projectar algumas sombras inquietantes.

Vejamos sumariamente ambas as perspectivas que se abrem com a nova presidência de Trump.

O saudável dessa reacção é tão evidente, que salta à vista. Se havia uma candidata «politicamente correcta», esta era Hillary Clinton. Ela representava todas as «conquistas sociais», a liberdade completa em matéria de costumes morais, aborto, uniões homossexuais, identidade de género etc. De onde a sua profunda hostilidade à religião, em especial à católica, e a tudo que fosse conservador.

Nem precisa dizer que, a julgar pela fisionomia do casal Clinton,
trata-se da foto do momento em que Hillary reconheceu
a sua derrota nas recentes eleições
A derrota eleitoral desse paradigma não pode deixar de ser vista com enorme alívio, e com simpatia e esperança o triunfo do candidato opositor.

Com o triunfo dos conservadores na pessoa de Trump surge sem embargo uma preocupação, cuja importância internacional não havia tido até aqui todo o seu destaque. É que, juntamente com os aspectos «conservadores» daqueles que sustentam posições «politicamente correctas» — como a defesa das identidades nacionais, da família, da religião etc. —, projectam-se algumas dúvidas, consistentes em saber até onde chegará o «incorrecto», ou, mais precisamente, quem guiará a «incorrecção» dessas políticas.

Um exemplo nos permitirá aquilatar essa preocupação. O actual presidente da Rússia.

Como se sabe, a propaganda russa apresenta um Putin [foto] que estaria liderando há vários anos uma política interior no bom sentido do «incorrecto».  Na última semana, por exemplo, inaugurou uma enorme estátua de 25 metros de altura, de São Wladimir (o seu próprio nome…), o fundador da Rússia cristã.

No entanto, simultaneamente, quase como outro braço do mesmo corpo, está promovendo a expansão das suas fronteiras à custa dos países libertados do jugo da ex-URSS, e ameaça aumentar ainda mais a dita expansão.

Faz parte da sua posição não excluir nem condenar os períodos de Lénin e de Stalin, e menos ainda a influência ideológica e territorial da ex-URSS sobre o mundo inteiro. Esses tentáculos russos ex-soviéticos celebraram nas últimas semanas acordos com a Venezuela de Maduro e a ditadura de Ortega na Nicarágua, não obstante, ou precisamente por isso, ambos não esconderem a sua filiação marxista.

Ou seja, as simpatias despertadas por Putin pela propaganda que o apresenta como favorável à família e contra o aborto (apesar de nada ter feito de substancial nesse sentido) diluem-se quando vistas sob o prisma do seu ânimo expansionista e favorável à época soviética.

No caso do Presidente eleito Trump, inquietam as suas declarações destemperadas como candidato; as suas promessas isolacionistas; a sua intenção de deixar a OTAN e a Coreia do Sul cuidarem das suas próprias defesas; os apoios internacionais suscitados numa vasta rede de partidos «populistas» em crescimento na Europa; a falta de referências morais e religiosas desses populismos; os vínculos com a Rússia de Putin; as diferentes  posições  assumidas ao longo da sua carreira etc. Todo esse conjunto de factores não pode deixar de projectar uma  pesada sombra no porvir.

Resumamos o dilema

Quando o «politicamente incorrecto» constitui a oposição e a parte débil do panorama, as suas posições em geral são boas, pois definem-se como contrárias a todo o mal do «politicamente correcto». Mas como se comportará essa política «incorrecta» quando passa a ser governo e representa a parte forte? Se ela se deixar levar somente pelos caprichos do «populismo», o futuro não será tão promissor, pois dos temores populistas puderam sair o nazismo, o socialismo, o peronismo, e muitos outros «ismos» de nefastas consequências para a civilização cristã.

Ainda é cedo para dizer se essas sombras darão origem a chuvas benéficas ou a tempestades devastadoras. Mas seria ingénuo abster-se de levantar o problema e somente festejar, fechando os olhos para os aspectos sombrios do panorama.

Não podemos concluir estas linhas sem manifestar as nossas esperanças de que os sectores pró-família e anti-aborto, que se manifestaram com tanta clareza nessas eleições, consigam dirigir essa poderosa nação pelos rumos que a fizeram autêntica, cristã e forte.





domingo, 20 de novembro de 2016


Pode um psicólogo ser católico?


João Miguel Tavares, Público, 15 de Novembro de 2016

Guardemos a mordaça e lembremos os ensinamentos do bom e velho Stuart Mill: nunca devemos impedir de falar as pessoas que acreditamos estarem erradas.

Indignação da semana: Maria José Vilaçapsicóloga e responsável da Associação dos Psicólogos Católicos, disse nas páginas da revista Família Cristã que era possível aceitar um filho homossexual sem aceitar a homossexualidade. «Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.» E acrescentou: «É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom.» Esta frase provocou o habitual incêndio das redes sociais e dezenas de queixas na Ordem dos Psicólogos, que emitiu um comunicado onde recorda que nas suas intervenções públicas os psicólogos estão obrigados a «observar o princípio do rigor e da independência, abstendo-se de fazer declarações falsas ou sem fundamentação científica». De seguida, a Ordem anunciou ir participar o caso ao Conselho Jurisdicional por considerar tais declarações «de extrema gravidade».

Cá está – um piscar de olhos e já se foi longe demais. A opinião que eu tenho em relação às declarações de Maria José Vilaça é igual à dos indignados: discordo profundamente dela e acho a comparação entre um filho homossexual e um filho toxicodependente de uma infelicidade extrema. Parece-me, por isso, perfeitamente natural que as pessoas manifestem a sua discordância pública em relação à senhora e que as redes sociais se incendeiem, como de costume. Nada contra até aqui. Tudo contra a partir daqui: há um momento, altamente desagradável, mas cada vez mais recorrente, em que se passa do direito de discordar para o desejo de despedir. As pessoas deixam de se limitar a criticar Maria José Vilaça por ter dito uma tontice, e a rebater a sua opinião com argumentos sustentados, e passam a defender que ela deve ser silenciada e proibida de exercer a sua profissão porque, pelos vistos, hoje em dia não se pode ser psicólogo e ao mesmo tempo considerar a homossexualidade uma prática «não natural».

Mas será que não se pode mesmo? É que se não se pode, como a Ordem dos Psicólogos parece defender, se passou a ser uma coisa tão inadmissível como a prática da lobotomia para curar doenças mentais, então há aqui uma notícia muito maior do que as declarações de Maria José Vilaça, e que está tristemente a passar ao lado da comunicação social. A primeira frase de todos os artigos sobre este tema deveria ser esta: «A Ordem dos Psicólogos Portugueses defende que um católico que aceite os ensinamentos da Igreja em relação à homossexualidade não tem condições para ser psicólogo e deve abandonar de imediato a sua profissão.» Esta é a notícia, meus senhores. Mandem imprimir, enviem para o Vaticano e informem o Papa Francisco.

Guardemos a mordaça e lembremos os ensinamentos do bom e velho Stuart Mill: nunca devemos impedir de falar as pessoas que acreditamos estarem erradas. Ao exporem as suas ideias, temos uma excelente oportunidade para as rebater e mostrar aos outros a superioridade dos nossos argumentos. Infelizmente, é cada vez menos isso que estamos a fazer. A linha entre o confronto de ideias e o silenciamento de ideias está a ser ultrapassada vezes sem fim, criando uma pressão insustentável sobre quem pensa diferente de nós. Depois espantamo-nos que as pessoas mintam nas sondagens sobre a sua orientação de voto e acabem a colocar a cruzinha em Donald Trump quando ninguém está a ver. Numa sociedade livre, a resposta a quem diz parvoeiras não é «cala-te!». É, isso sim, «que argumentos tens para defender tamanha parvoíce?».





sexta-feira, 18 de novembro de 2016

África une-se em bloco para dizer

um rotundo «não» à colonização ideológica

que a ONU pretende impor


Los 54 países africanos se han unido en bloque contra la ideología de género en la ONU


Javier Lozano

El Papa Francisco alerta muy a menudo de la «colonización ideológica» que se está produciendo principalmente a través de la ideología de género. Y esta ofensiva se realiza, según ha dicho también el Pontífice, a través de gobiernos nacionales y organismos internacionales.

Precisamente, Naciones Unidas y la diplomacia de Estados Unidos han sido los grandes promotores de políticas que buscan imponer esta ideologia en todos los países privilegiando principalmente al lobby LGTBI.

África y América Latina, los principales objetivos

Si estos son los promotores, las principales víctimas son África y América Latina. Ya sea mediante presiones políticas o mediante el «chantaje» con grandes sumas de dinero, los países de estos continentes se están viendo sometidos a una gran presión para que aprueben leyes nacionales como las uniones homosexuales o la implantación de la ideología de género en los colegios. De no hacerlo podrían perder las ayudas económicas. Y por regla general todos estos países son pobres o bien están en vías de desarrollo.

Mientras que en América los dirigentes de estos países van poco a poco sucumbiendo a estas presiones tal y como ha pasado en México, Chile o Uruguay, en África se ha producido un curioso fenómeno. Todo el continente se ha unido en bloque para decir basta a estas imposiciones de la ONU y Estados Unidos.

La ONU se ha convertido en el gran promotor de la ideología de género

La ONU ha hecho de los «nuevos derechos» para los LGTBI una prioridad absoluta y para ello la Comisión de Derechos Humanos de Naciones Unidas anunció la creación del puesto de experto en asuntos LGTBI y que debería velar por la instauración de sus políticas en los distintos países.

Un activista proLGTB para el cargo

En teoría este nuevo experto debería luchar contra la violencia pero grupos profamilia como el Center for Family&Human Rights lo dudan. El director del Centro de Estudios Legales de este grupo, Stefano Gennarini, ya afirmó  que «el nombramiento aumenta las sospechas de que este puesto de nueva creación no se limitará a la investigación de la violencia contra las personas que se identifican como lesbianas, gais o transgénero sino que más bien será utilizado para promover una agenda amplia de derechos sexuales».

Finalmente, el perfil de la persona elegida confirmaba estas sospechas. En la reñida votación de la Comisión de Derechos Humanos (23 votos a favor, 18 en contra y seis abstenciones) se eligió el nombre del responsable, el abogado tailandés Vitit Muntarbhorn, un homosexualista que fue uno de los principales autores de los Principios de Yogyakarta, un documento clave para el lobby LGTBI en el que se exige que el derecho internacional obligue a implantar derechos especiales a este colectivo aunque para ello haya que socavar otros como el de la libertad de expresión y de religión.

Vitit Mumtarbhorn, un activista proLGTB fue la persona elegida por la ONU para el cargo

África no se resigna a ser colonizada

Los países africanos no han querido resignarse y aceptar esta imposición. Para ello, la pasada semana el Grupo Africano, que engloba a los 54 países del continente, presentó una resolución que cuestiona la legalidad de la decisión tomada por la Comisión de Derechos Humanos para crear esta especie de figura de comisario para los LGTBI.

No sólo los africanos se mostraron en contra sino también países de mayoría musulmana y potencias influyentes como Rusia, China o India.

Tal y como recoge C-Famel grupo de países africanos dijo estar «perturbado» por el bombardeo incesante de un enfoque centrado en «comportamientos e intereses sexuales» y ha pedido éstos que no se vinculen a las normas sobre derechos humanos.

El embajador de Botsuana dijo durante la presentación de esta resolución que «el Grupo Africano está muy preocupado por los intentos de introducir e imponer nuevas nociones y conceptos que no están acordados internacionalmente».

Por todo ello, el continente africano ha pedido que se suspenda temporalmente tanto el nombramiento de Vitit Muntarbhorn como la creación del puesto en sí hasta que se produzca un diálogo profundo sobre la legitimidad de dicho puesto en la ONU.

Reacción de Occidente contra la posición de África

Las reacciones de los países que defienden la ideología de género han sido rápidas y unánimes en sus críticas a los estados africanos. Como era de esperar, la diplomacia estadounidense fue de las primeras en manifestarse y dijo estar «profundamente preocupada» por la propuesta africana ya que reabrir la decisión de la Comisión de Derechos Humanos sería, a su juicio, «sentar un precedente muy peligroso».

En la misma línea se manifestó Reino Unido, afirmando que la propuesta supone un ataque al Consejo por lo que su país luchará para que se mantenga este experto para temas LGTB.

También países latinoamericanos como Chile, Costa Rica o Brasil criticaron la postura de África tildándola de «inapropiada» y de debilitar la protección de cualquier de estos colectivos.

El cardenal Sarah es actualmente uno de los africanos más influyentes en la Iglesia Católica

«África salvará la familia»

Sin embargo, África ha decidido no sucumbir ni dejarse colonizar por estas ideologías pese a las molestias y problemas que esto les está ocasionando y les ocasionará. Ya lo dijo el año pasado el prefecto para la Congregación para el Culto Divino, el guineano Robert Sarah:

«Confío absolutamente en la cultura africana; confío absolutamente en la fe de África y estoy seguro de que África salvará a la familia, que África salvará a la Iglesia. Así como África salvó a la Sagrada Familia también, ahora, en esta época moderna, salvará la familia humana».

Así funciona la diplomacia de los EEUU de Obama

África está respondiendo a esta petición aunque no lo tendrá nada fácil pues las presiones serán enormes. Y para saber cómo se las gasta la diplomacia del hasta ahora presidente Obama vale con el testimonio de la embajadora de su país ante la ONU, Samantha Power.

En un acto con Human Rights Campaign, el mayor lobby gay de Estados Unidos, la embajadora les explicaba entusiasmada cómo actuaba la diplomacia para imponer los temas LGTB al resto de países. Esto decía:

Samantha Power es además de embajadora una de las personas más cercanas a Obama

«Utilizamos todos los componentes a nuestro alcance. Los embajadores estadounidenses de todo el mundo se pusieron a trabajar a toda máquina. Exigimos el pago de deudas. E incluso cuando sospechábamos que habíamos pasado a tener la mayoría de votos seguimos trabajando. Y cuando los países no respondían nuestras llamadas, los acorralábamos en el Salón de la Asamblea General, en el Consejo de Seguridad o incluso en los baños».

Se prevé que la resolución de los países africanos se vote antes de que acabe el mes de noviembre y estos países más algunos otros prometen dar guerra. Para entonces, Donald Trump todavía no habrá tomado posesión de su cargo, lo hará a finales de enero, por lo que este será el colofón de la administración Obama, este será su legado.