sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O dia seguinte ao Brexit




Miguel Matos Chaves

A SITUAÇÃO E UMA ESPECULAÇÃO FINAL!

Caros Amigos e Leitores,

Nos últimos dias tenho assistido a declarações de políticos dirigentes da U.E., que denotam, mais uma vez, um quadro de mediocridade assustador.

Assustador porque são eles que têm por missão governar alguns países e, como tal, decidem sobre a vida de milhões de pessoas, o que é, repito, assustador.

As declarações, pelo menos algumas delas, são de tal ordem que me fazem pensar estarem (esses dirigentes políticos) a entrar numa situação de «delírio» mental, a roçar o quadro de uma doença do foro psiquiátrico.

E quando eu esperava que tudo melhorasse, em termos dessas declarações, ainda piorou mais pela boca do Sr Presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Sr Jean-Claude Juncker (ver revista Sábado) que afirmou, entre outras coisas, que «os Ingleses podiam ser impedidos de sobrevoar o espaço aéreo europeu» e que «os seus aviões não vão poder aterrar na UE» após a saída da Inglaterra da U.E.

Já dizia Platão que:

— «O castigo dos bons, que não fazem política, é serem governados pelos maus.»

Ou seja, o castigo daqueles que Não Votam, ou que não intervêm civicamente na Política, porque acham a política «uma maçada» ou porque não pactuam com este regime, é serem Governados por quem NÃO QUEREM.

Posto isto, para que os Meus Amigos e Leitores fiquem a par da REALIDADE, reproduzo um excerto de um trabalho que produzi logo a seguir ao resultado do Referendo de 2016:

«Na verdade, e como já o escrevi noutra ocasião, antes de se saber o resultado do referendo que conduziu ao Brexit, o Reino Unido é demasiado importante para poder ser descartado pelo resto da Europa, e é demasiado poderoso para que esta se tente ‘vingar’ da sua atitude.»

fim de citação do meu artigo

E as razões que então apontei, e que se mantêm verdadeiras, são as seguintes, e permitam-me que me cite novamente:

«
1. – O Reino Unido continuará a ser um actor fundamental da economia mundial;

2. – Continuará a ser o líder da Commonwealth;

3. – Continuará a ser a maior potência militar da Europa Ocidental;

4. – Continuará a ser o principal aliado dos Estados Unidos, no Atlântico Norte;

5. – Londres, a «City», continuará a ser uma das maiores praças financeiras do Mundo;

6. – A Libra sofrerá uma desvalorização temporária, (o que aconteceu) o que contribuirá para uma maior competitividade da indústria britânica no mercado mundial e para ganhos adicionais, embora temporários;

7. – Politicamente o Reino Unido sofrerá no curto prazo, alguma hostilidade dos principais países, (Alemanha e França) da União, (o que está a acontecer) mas no médio e longo prazo tudo voltará à normalidade;

8. – Também no curto prazo o Reino Unido poderá conhecer um abrandamento do investimento, dada essa animosidade e pouca racionalidade. Esta prevalecerá no médio e longo prazo;

9. – Neste ponto, e ao contrário do que eu então previa, tal não se verificou. Antes pelo contrário o investimento tende a aumentar.

10. – O Reino Unido continuará a ser uma das potências do armamento nuclear do mundo;

11. – Continuará a ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto;

12. – Em termos geopolíticos não perderá a sua vital importância;

13. – Em termos da economia é demasiado importante para, muitos Estados e milhões de empresas, ser posta de lado;

14. – E finalmente o seu mercado interno é demasiado grande para ser ignorado, quer pelas empresas europeias, quer pelas instituições.

Estas são as realidades com que é preciso contar e será bom para Portugal que os seus Governos, sejam eles de que Partido sejam, as tomem na devida atenção.»

(fim de citação dos meus artigos).

Em recentes declarações ao ‘Telegraph’, Mark Boleat, uma figura sénior da City londrina, (centro financeiro) afirmou que «Londres continuará a ser o Centro Financeiro mais importante, a nível mundial, apesar do Brexit e do nervosismo inicial que o resultado do referendo de 2016 provocou

Igualmente Matt Brittin, o Presidente europeu do grupo Google, veio reafirmar que «a empresa continuará a investir na Grã-Bretanha dada a dimensão do seu mercado interno

E muitas mais notícias têm confirmado este quadro, como é o facto de o comércio inglês ter registado recordes de vendas, no final do ano passado, quer ainda com o facto de a «Bolsa de Londres registar recordes absolutos, na valorização dos seus índices.»

Para finalizar, recordo aos mais distraídos, que o Reino Unido contribuía, e vai deixar de o fazer, com mais de 800 milhões de Libras (quase 1 bilião de euros) para o Orçamento Comunitário, isto anualmente.

Será o Reino Unido quem mais perderá, se Não Houver Acordo razoável para ambas as partes?

Não creio!

Para finalizar, permitam-me uma pequena Especulação:

a) – SE ... o Reino Unido reentrar na EFTA (de que foi fundador), onde ainda estão a Noruega (fundador), a Islândia, o Liechtenstein e a Suíça (fundador);

b) – TENDO a EFTA acordos preferenciais de comércio com a U.E.;

c) – NÃO havendo nessa organização nenhuma transferência de Soberania para nenhum órgão central dessa organização, (de que Portugal, a Suécia, Dinamarca e Áustria foram também Membros Fundadores);

d) – Qual das duas organizações ganhará, ou reganhará, mais países MEMBROS?

E, neste caso, o que deverá Portugal fazer?

Desculpem a minha «especulação» e mesmo provocação, mas é, quanto a mim, um quadro não descartável, sobre o qual se deve pensar.

Dito isto, creio bem que o maior perdedor do BREXIT será a U.E. e por isso alguns dirigentes políticos andam de «cabeça perdida».