terça-feira, 23 de agosto de 2016


Aniversário do Plano Macroeconómico do PS


Carlos Guimarães, Insurgente, 16 de Agosto de 2016

Celebra-se por estes dias o 1.º aniversário do plano Macroeconómico detalhado que o PS apresentou a eleições. O plano foi louvado pela imprensa e muitos comentadores como algo inovador, como a demonstração da preparação técnica do PS para governar. Os leitores mais frequentes do blog lembrar-se-ão que, por inúmeras vezes, pedimos aqui que fosse disponibilizado o modelo que deu origem ao plano, sempre sem sorte. Na altura, coloquei aqui em causa se os pressupostos e resultados eram realistas. Passado quase 1 ano da sua apresentação, podemos hoje verificar como está a correr a implementação desse plano.

Nos gráficos abaixo podem ver na primeira coluna aquilo que os economistas do PS previam que iria acontecer em 2016 se o PS fosse governo. Na segunda coluna, aquilo que os economistas do PS previam que iria acontecer em 2016 se o PSD/CDS se mantivessem no poder. Na terceira coluna, podem ver o que está realmente a acontecer até ao final do 2.º semestre.



Os gráficos falam por si: Os números homólogos indicam que temos um terço do crescimento, um terço do emprego criado e um crescimento da dívida pública em vez da prevista queda. Não só a economia está bastante pior do que o plano original do PS, como está bem pior do que o PS previa que iria estar se PSD/CDS fossem governo

Reparem que isto não são números do PSD ou do CDS. São os próprios números do PS que dizem que a economia estaria melhor se eles não tivessem sido governo. Veremos se os próximos 6 meses reverterão a situação. Cá estaremos para acompanhar.

Para além de Mário Centeno, estiveram envolvidos na elaboração desse plano as seguintes pessoas:

Vítor Escária
Fernando Rocha Andrade
Francisca Guedes de Oliveira
João Nuno Mendes
João Leão
Manuel Caldeira Cabral
Paulo Trigo Pereira
João Galamba
José Vieira da Silva
Elisa Ferreira
Sérgio Ávila





terça-feira, 16 de agosto de 2016


Crime de «lesa-pátria»

Oficiais das Forças Armadas criticam

negócio aéreo do combate aos fogos




Joana Almeida SilvaJornal de Notícias, 11 de Agosto de 2016

O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, António Mota, diz que é um «crime de lesa-pátria» a atribuição a empresas privadas do combate aéreo aos fogos florestais.

«O poder político afastou por completo a Força Aérea do combate aos incêndios e isso ninguém entende. É um crime de lesa-pátria», critica o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, António Mota, em declarações ao «Jornal de Notícias».

Aquele tenente-coronel diz que não faz sentido os portugueses estarem a pagar o combate aos incêndios a empresas privadas depois de existir uma rede da Força Aérea capaz de responder ao flagelo, com aeródromos e profissionais.

«Os pilotos são pilotos o ano todo e não apenas no Verão. São custos que os portugueses já têm. O piloto tanto sai para fazer o transporte de bombeiros para a Madeira, como está a acontecer agora, como segue para apagar um fogo em Arouca», disse.

António Mota acrescenta que «os militares estão preparados e interessados nessa missão, mas alguém decidiu retirar essa competência à Força Aérea. É um negócio que envolve muitos milhões de euros».

Críticas no Facebook

As declarações do presidente da AOFA surgem horas depois de ter surgido na página oficial da associação no Facebook uma publicação assinada por um coronel que critica o «negócio» aéreo que envolve o plano de combate a incêndios em Portugal.

O texto, assinado por João Marquito, deixa clara a crítica à forma como foi retirada às Forças Armadas a função de operar os meios aéreos envolvidos no combate aos incêndios.

«O MAI (Ministério da Administração Interna) recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu ‘interesse’ e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país», pode ler-se na publicação.

Parece impossível... No final do século passado, enquanto o combate aos incêndios florestais foi uma «Missão», a Força Aérea Portuguesa operava os meios aéreos em Portugal, mas quando esse combate passou a ser um «Negócio» arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os equiparem ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição não aparecem e....o flagelo continua.

Quais as vantagens? A centralização dos meios aéreos na Força Aérea com custos reduzidos para o erário público, bem como a poupança em termos de manutenção (dado o background existente) e uma logística dos meios incomensuravelmente mais rápida e operacional.

Parece que, conforme noticiado em 9 Junho de 2016, o MAI recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu «interesse» e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país.

Espanha, EUA, Grécia, Croácia, Marrocos, são exemplos de países onde os meios aéreos de combate a incêndios são operados pela Força Aérea local. Parece impossível...


Estudo na gaveta

O anterior governo pediu um estudo sobre a resposta aérea de combate aos incêndios, que defende o regresso dessa competência para a Força Aérea.

A garantia é reiterada pelo presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, que explicou ao JN que nesse relatório se identificam os meios que a Força Aérea precisaria de voltar a ter para assumir a responsabilidade.

O relatório, «que continua numa gaveta», nas palavras do presidente da AOFA, estima que «a partir de 2018 haveria um lucro para o erário público (2016 e 2017 seriam anos de investimento), uma vez que deixaria de ser necessária a contratação de meios privados para fazer o ataque aéreo às chamas».





segunda-feira, 8 de agosto de 2016


Os amorais


João Gonçalves, Jornal de Notícias, 8 de Agosto de 2016

Costa move-se sempre no limiar do delito político. Começou por derrubar Seguro depois de este ter dado duas vitórias ao partido. A seguir, recuperou algum pessoal do «socratismo», desprezando ostensivamente Sócrates, quando percebeu que a «teoria do poucochinho» se ia virar contra si. O poucochinho das legislativas levou-o a arranjar comparsas que lhe dessem o que faltava. Começou, aliás, a tratar disso mal leu o destino na opinião pública. Arranjou uma maioria parlamentar, esquadrinhada em três ou quatro papeletas bilaterais, que lhe permitiu um Governo minoritário, um programa, um Orçamento falacioso e outras bizarrias que vão saindo no «Diário da República». Os comparsas do Bloco e do PC não se preocupam excessivamente com detalhes. O que ainda há menos de um ano seria alvo de intensa berraria e «luta», agora faz-se de conta que não existe. Para estes beneméritos, não há aumento directo ou encapotado de impostos, não há caciquismo PS e não existem reclamações acerca do estado geral da nação. A ausência da «direita» do poder basta a estas almas hipócritas como consolo. A tolerância destes novos beatos, sobretudo os invertebrados e laicos do Bloco, para com o Governo de Costa também se nota em coisas como as que envolveram o ministério do dr. Brandão e três secretários de Estado por causa da bola e de uma empresa privada. Do primeiro, veio a «fonte» que induziu este jornal a um título, desmentido adequadamente na edição seguinte, sobre um juiz que alegadamente seria «interessado» numa sentença desfavorável ao ministério. Este episódio induzido deu azo a um artigo repelente do «Público» que mais parecia um relatório pidesco sobre a vida privada do juiz. O assunto, não encerrado, dos secretários de Estado seria simplesmente grotesco e irrelevante, se as reacções oficiais não tivessem sido o absurdo que foram, revelando uma falta de escrúpulos pela inteligência do comum dos cidadãos. Não existem «usos e costumes» que desculpem atitudes, activas ou passivas, que anulam qualquer tipo de autoridade política ou administrativa e que desprestigiam o Estado. Tudo e todos somados, parece estarmos entregues a amorais simples, ou seja, a políticos que ignoram o imperativo categórico da interiorização, da vinculação absoluta e da espontaneidade dos deveres éticos. É o Portugal contemporâneo de que Oliveira Martins narrou, como ninguém, o «exemplo singular de desordem moral», das «podridões do egoísmo» e dos «defeitos próprios de aventureiros».