quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Sexo, drogas e noitadas: sabe o que anda a fazer o seu filho adolescente?


«Antigamente não havia discussões sobre sexo e drogas, hoje cada vez temos mais!
A inocência hoje é uma coisa diferente!» Francisco Fernandez, actor, 19 anos.

Fotografia Gustavo Bom

Rui Pedro Tendinha, NotíciasMagazine, 22 de Novembro de 2017

O Fim da Inocência conta a história, baseada em factos reais, de um grupo de adolescentes que experimenta na noite tudo o que os pais mais temem. A adaptação ao cinema do livro de Francisco Salgueiro – o último projecto de Nicolau Breyner mas que acabou por ser realizado por Joaquim Leitão – chega esta semana às salas e consegue mostrar o que muitos nem querem imaginar: uma vida paralela de sexo casual e consumo de drogas nas noitadas.

O que é que os adolescentes de boas famílias fazem na noite a partir das três, quatro da manhã? Muitos pais preferem nem imaginar. Mas, em O Fim da Inocência, de Joaquim Leitão, a adaptação do romance homónimo de Francisco Salgueiro, vemos um caso que pode fazer incidir a luz sobre o flagelo que atinge cada vez mais jovens.

Fotografia Gustavo Bom

O filme e o livro (talvez mais o livro) mostram explicitamente como raparigas e rapazes de colégio entram numa espiral de sexo, álcool e drogas sem os pais saberem. Tudo isto logo a partir dos 15 ou 16 anos.

E, segundo o autor, tudo é verdade: as festas, as orgias, as pastilhas, os riscos de cocaína e uma dissimulação que engana os pais mais distraídos. O livro [ed. Oficina do Livro, 2010] e, por consequência, o filme, relatam factos verdadeiros de uma adolescente que, depois de ser levada a perder a virgindade aos 15 anos, adopta um estilo de vida noctívago repleto de drogas e álcool.

Espelho de uma certa geração com pressa de experimentar tudo mais cedo e com ganas de viver a vida sem pensar no amanhã. Os jovens que não pensam nas consequências e encontramos nos bares de Santos, em Lisboa, ou nas Galerias da Baixa do Porto e que, depois, acabam por ser os mais populares no liceu.

Se esta história que Salgueiro descobriu pode ser um testemunho de uma tendência cada vez mais globalizante, é também uma oportunidade para um exame de como muitos pais podiam – deviam? – ter outra percepção acerca da vida social dos filhos.

Fim da Inocência chega aos cinemas numa altura em que o cinema de grande público em Portugal tem tido tempos duros, com fracassos atrás de fracassos. Mas o novo filme de Joaquim Leitão (que este ano já viu no final de Agosto o seu Índice Médio de Felicidade ser ignorado nas bilheteiras) terá um dos maiores lançamentos do ano e uma campanha forte para chamar adolescentes e pais aos cinemas, sobretudo a pensar no fenómeno que o livro conseguiu – mais de quarenta mil exemplares.

«Este é o primeiro filme português que atinge um target que não vê filmes portugueses», diz o autor.

Trata-se de um relato de um grupo de adolescentes abastados de Cascais que reflecte uma vida paralela de comportamentos sexuais irresponsáveis, dependência de álcool e droga sem controlo – muito para além dos charros, neste filme circula MDMA, cocaína e ectasy.

Fotografia Gustavo Bom

Francisco Salgueiro, sem filhos, especialista em livros destinados a jovens, supervisionou a produção do filme.

«Este é o primeiro filme português que atinge um target que não vê filmes portugueses», diz o autor. «O Fim da Inocência é para quem não gosta mesmo de cinema português, o mesmo que aconteceu com o livro, que era para um target dos que nunca liam. Os autores e os realizadores portugueses têm a mania de ser muito mais velhos do que aquilo que são.»

O escritor de 45 anos não foi o responsável pelo argumento (Roberto Pereira, de A Mãe é que Sabe foi o escolhido), mas teve um papel activo no casting, cuja primeira fase contou ainda com Nicolau Breyner, que esteve para realizar o filme. O Fim da Inocência foi a obra que a morte não deixou que fosse de Nico.

«Há aquele lema agora de que o pessoal quer fazer tudo num só dia, não deixar nada para amanhã», diz Francisco Fernandez, com 19 anos.

Oksana Tkash, Rodrigo Paganelli, Joana Barradas, Francisco Fernandez, Raquel Franco e Joana Aguiar são estrelas para um público juvenil depois de participações televisivas em séries e telenovelas. Ficaram famosos sobretudo nesta altura em que as redes sociais e as suas gestões criam casos de culto que passam ao lado da imprensa. Para já, têm uma habilidade tremenda: na câmara de Leitão parecem mesmo adolescentes (Raquel tem 26 anos, Joana e Francisco 19).

Fotografia Gustavo Bom

Juntos, estes actores mostram um entrosamento grande. A maior parte já se conhecia de trabalhos na televisão e conseguiram uma boa química durante as filmagens, em Agosto. Garantem que nunca se portaram como as personagens em perdição deste caso verídico, mas são os primeiros a dizer que nada do que se passa aqui é fantasia. «Há aquele lema agora de que o pessoal quer fazer tudo num só dia, não deixar nada para amanhã», diz Francisco Fernandez, com 19 anos, o mais novo dos rapazes, mas a opinião é partilhada por todos.

Raquel Aguiar, 26 anos, comunga dessa ideia de que a geração que veio a seguir à sua quer tudo mais rápido. «As situações que vemos no filme existem e há que falar e expô-las, mesmo que não possamos generalizar. Existe e não é só no Porto e em Lisboa. Trata-se de um fenómeno generalizado.» Um fenómeno que os pais desses adolescentes nem imaginam. Ou não querem, lembra Francisco Salgueiro.

É como se houvesse um desígnio comum de hedonismo automático,
de querer pisar os limites ou querer seguir uma moda de mau comportamento. E não deixa de ser curioso o filme chegar na altura em que se discute também o problema da segurança na noite com o caso da discoteca Urban Beach.

Rodrigo Paganelli, que interpreta um dos «maus rapazes» disposto a experimentar tudo, fala da pressão de uma sexualidade imposta. «O filme trata muito bem da pressão de ter de fazer muito mais do que a vontade deles. Todos falam de sexo e se não tiveres assunto aí sentes-te fora das conversas. Há uma obrigação cada vez mais cedo e não acho normal miúdos e miúdas de doze anos perderem a virgindade. Não me cabe na cabeça!»

O grande risco deste elenco estará, eventualmente, na protagonista, Oksan Tksah, uma jovem de 20 anos de origem ucraniana descoberta no mundo da moda. De todos, é quem tem menos experiência e consegue dar vida à Inês, a rapariga inocente arrastada para uma vertigem de sexo e drogas ainda antes dos 16 anos.

«Cresci no Alentejo e a dada altura tive de cuidar sozinha do meu irmão. Nunca estive perto desse mundo que o filme mostra. Não tenho mesmo nada a ver com a Inês nem nunca saí muito à noite. Quando me vi no trailer pela primeira vez apanhei um choque! Tenho receio de como as pessoas me vão julgar como actriz.»

Fotografia Gustavo Bom

Oksana nem sequer sabe se quer voltar a representar, agora que está a tirar Ciências Políticas na Universidade Católica. E tem também uma inquietação: «vejo o meu irmão, que agora tem dez anos, e fico espantada como as crianças têm acesso a tudo com uma velocidade enorme. Aliás, ao longo do filme percebi que sou superconservadora!»

O que Francisco Salgueiro descreve não se trata apenas de um pesadelo de uma certa camada social. Estes jovens podem ser betinhos de Cascais, mas quem sai à noite num after-hours percebe que «essa juventude perdida» inclui todas as classes.

É como se houvesse um desígnio comum de hedonismo automático, de querer pisar os limites ou querer seguir uma moda de mau comportamento. E não deixa de ser curioso o filme chegar na altura em que se discute também o problema da segurança na noite com o caso da discoteca Urban Beach.

Fotografia Gustavo Bom




segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Congresso Internacional sobre Cristóvão Colon


Caros amigos e interessados no tema,

A Associação Cristóvão Colon, em parceria com a Academia Portuguesa de História, a Academia de Marinha e a Comissão Portuguesa de História Militar, vai realizar o 1.º Congresso Internacional em Portugal sobre Cristóvão Colon.

Está aberto para comunicações de historiadores, académicos, pesquisadores ou estudiosos nacionais e estrangeiros, as quais serão seleccionadas pela Comissão Científica.

Solicitamos também a sua divulgação pelos meios que entenderem apropriados.

Em anexo poderão consultar a respectiva Apresentação e Call for Papers.

ou na nossa página

http://colon-portugues.blogspot.pt/


Cumprimentos

ACC

Carlos Calado





domingo, 12 de novembro de 2017

SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA





 O Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa tem a honra de convidar V. Ex.ª para participar na Conferência «O papel das Forças Armadas na luta contra o terrorismo no território nacional», promovida pela Secção de Ciências Militares.

A sessão terá lugar no dia 23 de Novembro de 2017

pelas 17h00 na Sala Algarve.

Será orador o Tenente General Manuel Vizela Cardoso

Rua das Portas de Santo Antão, 100 1150-269 LISBOA Tel.: 21 3425401/5068
geral@socgeografialisboa.pt www.socgeografialisboa.pt





terça-feira, 7 de novembro de 2017

Eutanásia: Eu sei, eu vi, eu estive lá



Laurinda Alves, Observador, 7 de Novembro de 2017

Não quero médicos que pensem que a minha vida já não vale a pena e se ofereçam para me matar, em vez de me encherem de confiança, esperança e cuidados. Arrepia-me a ideia do negócio à volta da morte.

Para o bem ou para o mal, nunca fui de grandes manifestações públicas. Não sou de ir para a rua celebrar vitórias em campeonatos nacionais e internacionais, mas também não sou de me juntar a grandes massas para distribuir panfletos, nem me é fácil gritar palavras de ordem e tenho pouco jeito para andar com cartazes ao alto. Houve alturas em que senti que era meu dever fazê-lo, e fi-lo, mas sempre com algum desconforto. Não me orgulho nada deste desconforto, note-se, apenas o reconheço por me conhecer o suficiente para saber que a minha inclinação natural é expressar-me por palavras escritas em jornais ou revistas, e ditas em fóruns, entrevistas, debates ou encontros onde posso olhar as pessoas nos olhos.

Felizmente não são todos como eu, porque senão estaríamos tramados. Que seria do mundo sem a coragem dos que saem à rua para gritar, para se indignar, para lutar, para interpelar, para empunhar cartazes e repetir palavras de ordem?

Posto este ponto prévio, que me coloca em lados de barricadas porventura menos panfletários, mas nem por isso menos eficazes, assumo que ultimamente fui a duas manifestações públicas por sentir que não podia deixar de estar presente. A primeira juntou milhares de pessoas em todo o país. Muitas delas no Terreiro do Paço, em Lisboa, num encontro marcado pelo silêncio de apoio às vítimas dos incêndios e seus familiares. Não havia megafones nem slogans ensaiados, não houve palavras gritadas nem bandeiras para além das da solidariedade que nos uniu e manteve juntos, até cumprirmos um minuto de silêncio em simultâneo com todos os portugueses que saíram à rua nas suas cidades e comunidades à mesma hora, pelas mesmas razões.

Nessa tarde sentimos o irreprimível impulso de nos juntarmos para que os que mais sofrem pelas mortes, pelas perdas de bens e por toda a devastação provocada pelos incêndios sentissem que não estão sozinhos na sua dor. Era mais isto que nos movia do que protestar contra quem quer que fosse, ainda que todos saibamos que qualquer multidão composta por cidadãos de diferentes gerações e com distintas opções tem sempre impacto político.

A segunda manifestação pública foi a Caminhada pela Vida, no sábado passado. Em Lisboa caminharam milhares de pessoas, mas também houve centenas e centenas a associarem-se no Porto e em Aveiro. Embora tenha estado activa em anteriores campanhas e seja radicalmente a favor da vida, especialmente nas fases mais vulneráveis (seja ainda em embrião ou no cúmulo de debilidades provocado por doença ou incapacidades), nunca tinha ido numa caminhada pela vida. Defendi sempre as minhas causas e os meus pontos de vista em palcos públicos destinados ao debate, mas também nos meios e lugares mais ou menos visíveis onde somos chamados a ser coerentes na acção e a assumir os nossos ideais. Desta vez senti necessidade de voltar a sair à rua para me juntar aos mais combativos que gritam e empunham cartazes.

Num tempo politicamente estranho em que se confundem prioridades e de tudo se faz uma causa fracturante, é importante unirmo-nos pela vida. Em particular pela vida dos que sofrem, independentemente do sofrimento ser provocado por doenças ou por catástrofes naturais e acidentais.

Caminhar pela vida é afirmar que a vida humana é o bem mais valioso de todos e, por isso mesmo, tem que ser defendido e protegido. Sabemos que em situações de maior aflição, o impulso natural do ser humano é cuidar e proteger o outro ser humano. A solidariedade, o espírito de entreajuda e o sentido de resgate revelam-se diariamente e são prática comum no quotidiano, sempre que nos deparamos com pessoas doentes ou frágeis, deprimidas ou desistentes, a quem tentamos dar apoio e devolver o sentido da vida, mas também em teatros de guerra e nos conflitos mais sangrentos. Os inimigos matam e morrem, mas nas linhas da frente de uns e outros há e haverá sempre exemplos de grande altruísmo.

Lemos notícias e livros, vemos filmes e documentários que narram o testemunho de heróis comuns que arriscaram ou perderam a própria vida para salvar outras vidas. Exemplos como estes interpelam e tocam em fibras sensíveis pois nunca saberemos como agiríamos em situações semelhantes. A única certeza que temos é a de que a morte é irreparável e, por isso mesmo, sabemos que instintivamente faríamos tudo o que estivesse ao nosso alcance para preservar a vida. A nossa e a dos outros.

Preservar a vida é um instinto de sobrevivência, mas também um desígnio e uma demanda interior do ser humano. Daí a estranheza que provoca a aparente facilidade com que se pretende legislar a eutanásia, sem antes tratar de aprovar leis que assegurem a todos os cidadãos, sem excepção, o acesso a cuidados paliativos. Começar pelo fim e pelo que é absolutamente irreversível nem sequer é começar uma casa pelo telhado, é tentar construir sem chão nem tecto.

Nenhum ser humano no seu estado natural é capaz de empurrar outro ser humano desesperado, quando o vê prestes a atirar-se de uma ponte. O instinto de sobrevivência e a demanda pela preservação da vida impedem-nos de o fazer e levam-nos a evitar que o pior aconteça. Numa situação destas todos teríamos o impulso de salvar, de resgatar, de ajudar a perceber como aquela vida ainda poderia voltar a ter sentido. Empurrar para o abismo de uma ponte ou para a guilhotina de uma linha do comboio alguém no auge do seu sofrimento e desespero não está no código genético de nenhum ser humano. É desumano.

Dizer a alguém que a sua vida não tem sentido e concordar que a única saída é a morte, oferecendo-se para colaborar com esta morte no extremo da sua fragilidade, é equivalente a empurrar para o abismo e desumaniza uma sociedade inteira. Legislá-la é ir contra toda uma cultura humanista que tantos séculos levou a cimentar, mas também é violar a Constituição e ofender todos os que lutaram e lutam para manter activa a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Convocar profissionais de saúde a praticarem eutanásia vai contra todos os Códigos de Ética médica, incluindo a revisão actualizada do Juramento de Hipócrates na Assembleia Médica Mundial (Declaração de Genebra de Outubro de 2017).

Margarida Neto, médica especialista em temas de família e uma referência nacional em matéria de defesa da vida, esteve nesta mesma caminhada e levantou a voz para recordar factos e números que dão que pensar nesta fase em que tudo ainda é possível.

«Poucos países no mundo aprovaram a eutanásia ou o Suicídio Assistido. Dos cerca de 200 que existem, apenas 5 votaram a favor: a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Suíça e o Canadá. Nos Estados Unidos apenas 4 estados (dos 50) aceitam a eutanásia. Em Inglaterra e França a eutanásia foi liminarmente rejeitada». O enunciado dá que pensar.

Aquilo que me fez caminhar entre a multidão de seis mil pessoas que encheu ruas e avenidas no sábado foi a necessidade vital de juntar a minha voz às vozes dos que gritam e lutam, dos que combatem e não desistem de tentar esclarecer que ser morto não é um direito, assim como matar nunca será um dever. Muito menos um acto de compaixão.

«Sabemos pelos países que legalizaram a eutanásia – e os números estão nos relatórios! – que muitas vezes a eutanásia encobre situações existenciais como o receio de ser um fardo ou perder a autonomia» disse Margarida Neto. E pior, «resolve» perversamente de uma vez por todas o cansaço da vida, o isolamento, a doença mental e a idade. O mais grave é que muitos casos de eutanásia não são pedidos pelo próprio e isso, sim, é verdadeiramente assustador.

«Na Holanda, fazem-se 5 mil eutanásias por ano, apesar da lei e das comissões reguladoras. Todos os anos tem aumentado. Sabemos que há eutanásias não pedidas pelo próprio, e que são até do desconhecimento da própria família. Sabemos que doenças como a depressão e a demência têm servido de justificação para a eutanásia. Na Bélgica há crianças a ser eutanasiadas. Esta é a realidade e chama-se rampa deslizante. Existem documentos e artigos científicos a comprovar tudo isto.»

Os números são desoladores e eloquentes de uma cultura de descarte. Não quero isso para mim nem para o meu país, muito menos para os meus familiares e amigos. Se tudo correr bem, havemos de envelhecer e ficar mais frágeis. Se tudo correr mesmo muito bem havemos de ter profissionais de saúde apostados em tratar ou acompanhar as nossas doenças, cuidando das nossas vidas. Não quero médicos que concordem que a minha vida já não vale a pena e se ofereçam para me matar, em vez de me encherem de confiança, esperança e cuidados. Arrepia-me a ideia do negócio à volta da morte e das clínicas que têm que cumprir um business plan, usando para isso estratégias de marketing e fidelização (!) que passam por encorajar famílias a livrarem-se do peso dos mais velhos, dos mais doentes e dos menos capazes.

Eutanasiar a pedido do próprio já é uma realidade dura e difícil – e todos compreendemos que haja quem peça a eutanásia, pois há sofrimentos indizíveis, mas uma coisa é pedir para morrer, e outra é servir a morte em vez de tentar encontrar estratégias para minimizar o sofrimento físico, moral e emocional, ajudando quem pede a eutanásia a valorizar a sua vida.

Fiz três anos de voluntariado de cabeceira numa Unidade de Cuidados Paliativos e não me canso de partilhar que conheci várias pessoas (de diferentes idades) que entraram a gritar desesperadas por eutanásia e deixaram de a pedir quando começaram a beneficiar desses mesmos cuidados paliativos. Algumas destas pessoas voltaram a viver uma vida satisfatória, viajaram e realizaram sonhos antes de morrerem e foi muito comovente, muito poderoso e extraordinariamente transformador assistir ao seu processo de aceitação da sua condição, bem como à forma como se pacificaram com o seu fim. Falo de pessoas autênticas que ficam para sempre como monumentos de coragem e de verdade, a quem presto a mais sincera homenagem por me terem permitido compreender o valor da vida no auge da doença e da incapacidade. É por estas pessoas, porque sei o que passaram, porque vi e porque também estive lá, à sua cabeceira, que nunca mais poderei deixar de sair à rua e gritar a favor dos cuidados paliativos, contra a eutanásia.





«Muhammad» é o futuro da Europa


Em 2015 e 2016, aproximadamente 2,5 milhões de migrantes chegaram à Europa, de acordo com um relatório
do Pew Research Center. Foto: migrantes na costa da Líbia tentam atravessar o Mar Mediterrâneo rumo à Europa
em 18 de Fevereiro de 2017. (Foto David Ramos/Getty Images)

Giulio Meotti, Gatestone, 6 de Novembro de 2017

Original em inglês: «Muhammad» is the Future of Europe

Tradução: Joseph Skilnik

  • Estima-se que nos próximos trinta anos a população de África aumente em um bilião de habitantes.
  • O economista francês Charles Gave recentemente previu que a França será de maioria muçulmana em 2057, e esta estimativa nem sequer levou em consideração o número esperado de novos migrantes.
  • Não há dúvida, a colossal expansão da população em África almejará chegar ao litoral de uma Europa rica e senil que já está a passar por uma revolução demográfica interna. A Europa, para manter a sua cultura, precisará de tomar decisões difíceis, não apenas divertir-se até à morte. A questão é: a Europa protegerá as suas fronteiras e civilização antes de afundar?
Neste Verão o presidente francês Emmanuel Macron viu-se no meio de um imbróglio político – com acusações de «racismo» – por ter dito que as mulheres «com sete ou oito filhos» são responsáveis pela actual situação em que se encontra o continente africano, criando adversidades, segundo Macron, «civilizatórias».

As Nações Unidas afirmam que Macron está correcto. De acordo com o relatório demográfico anual da ONU: «Projecções da População Mundial das Nações Unidas,» um sexto da população mundial vive actualmente em África. Em 2050 a proporção terá atingido um quarto, e no final do século, a África terá quatro biliões de habitantes – um terço.

Na África de hoje, há quatro vezes mais nascimentos do que falecimentos. Segundo dados de 2017, a taxa de fertilidade total é de 4,5 crianças por mulher, em comparação com 1,6 na Europa. Estima-se que nos próximos trinta anos a população de África aumente em um bilião de habitantes. Não é difícil imaginar como a imigração ilegal em massa afectará a Europa por meio desta pressão demográfica sem precedentes. A demografia africana já está a pressionar o «velho mundo».

Assim que a Alemanha, recentemente, abriu as portas para a entrada de mais de um milhão de pessoas do Médio Oriente, Ásia e África, os defensores das fronteiras abertas, reiteradamente, disseram que um milhão de migrantes não significavam nada em relação a uma população europeia de 500 milhões de habitantes. No entanto, trata-se de uma comparação enganosa. A comparação correcta é a dos recém-chegados e nascimentos. Em 2015 e 2016 os nascimentos na Europa atingiram a marca de 5,1 milhões. No mesmo período, de acordo com um relatório do Pew Research Center, aproximadamente 2,5 milhões de migrantes chegaram à Europa. E, em muitos países, como a França por exemplo, recusam-se a registar os nascimentos de acordo com a origem étnica, não há como saber quantos nascimentos ocorridos na Europa poderiam ser atribuídos às comunidades muçulmanas.

Outros estudos da ONU também informam quanto às perspectivas europeias, quando a «Europa» não significa somente a UE, mas também as terras do leste europeu. Em 1950 a população europeia era de 549 milhões, em 2017 de 742 milhões. Em 2050 estima-se que será cerca de 715 milhões. Em 2100, segundo projecções, o número deverá cair para 653 milhões. Pelo andar da carruagem, em 30 anos, devido ao colapso demográfico, a Europa perderá 30 milhões de pessoas e, no final do século, quase 100 milhões. O «controle de natalidade» funcionou eficientemente na Europa, que demograficamente não precisava disto, e pessimamente em África, que precisava.

Na Europa, haverá países que encolherão e países que crescerão. Os que crescerão dir-nos-ão que tipo de continente a Europa virá a ser. A Europa, com a acrescida pressão demográfica de África, será dominada pelas maiorias muçulmanas.

A Europa está a cometer eutanásia social. A Alemanha deverá perder 11 milhões de pessoas, a Bulgária passará de 7 para 4 milhões, a Estónia de 1,3 milhões para 890 mil, a Grécia de 11 para 7 milhões, a Itália de 59 para 47 milhões, Portugal de 10 para 6 milhões, a Polónia de 38 para 21 milhões, a Roménia de 19 para 12 milhões e a Espanha de 46 para 36 milhões. A Rússia deverá encolher de 143 para 124 milhões.

Quanto aos países com crescimento populacional: estima-se que a França salte de 64 para 74 milhões e o Reino Unido de 66 para 80 milhões. As projecções indicam que a Suécia salte de 9 milhões para 13 milhões e a Noruega de 5 para 8 milhões. Estima-se que a população da Bélgica de 11 milhões aumente 2 milhões. Estes cinco países europeus também estão entre os que têm a maior proporção de muçulmanos.

Concomitantemente, na semana passada um novo relatório da Eurostat «(Gabinete de Estatísticas da União Europeia), organização estatística oficial da União Europeia que actua na produção de dados» divulgou que o número de mortes no «velho mundo» saltou 5,7% num ano devido à população envelhecida, mas que o crescimento demográfico nas áreas de alta densidade islâmica é espantoso:
  • «as taxas mais elevadas de crescimento natural da população foram registadas nas regiões leste de Londres de Hackney & Newham (14 por 1 000 habitantes) e Tower Hamlets (12 por 1 000 habitantes) e nos subúrbios nas regiões nordestinas parisienses de Seine-Saint-Denis (13 por 1 000 habitantes)».
O economista francês Charles Gave recentemente previu que a França será de maioria muçulmana em 2057, e esta estimativa nem sequer levou em consideração o número esperado de novos migrantes.

Na semana passada, no Reino Unido, o Departamento Nacional de Estatística anunciou que no ano em curso um dos nomes mais populares dados aos meninos recém-nascidos é Muhammad e «de longe o mais popular, se diferentes formas de escrevê-lo forem consideradas». O mesmo se dá nas quatro maiores cidades da Holanda. Em Oslo, capital da Noruega, Mohammed é o nome top, não só para meninos recém-nascidos, mas também para os homens em geral que lá residem. Dever-se-ia ser cego para não compreender a tendência: «é a demografia, idiota».

Não há dúvida, a colossal expansão da população de África almejará chegar ao litoral de uma Europa rica e senil que já está a passar por uma revolução demográfica interna. A Europa, para manter a sua cultura, precisará de tomar decisões difíceis, não apenas divertir-se até à morte. A questão é: a Europa protegerá as suas fronteiras e a civilização antes de afundar?