segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O conflito e a crise no PPD-PSD em torno das listas para as eleições legislativas de 2019



O País, os eleitores e os membros do PPD-PSD têm assistido a um escandaloso espectáculo em torno da constituição das listas de candidatos para as eleições legislativas de Outubro de 2019. A questão é mais profunda do que pode parecer e a abordagem séria do assunto exige distinguir quatro aspectos.

PRIMEIRO ASPECTO : A INEXISTÊNCIA DE PROGRAMA COM PRINCÍPIOS MORAIS
E POLÍTICOS

O PPD-PSD deveria ter um programa claro de defesa dos valores da Civilização, da independência nacional e do bem comum dos Portugueses. Isto é, um programa com princípios morais e políticos inequívocos. E não tem! Tem um programa cheio de frases genéricas, outras abstractas e outras mesmo erradas, prestando-se assim a diversos jogos de cintura.

Se as coisas funcionassem como deviam, o Partido teria um programa claro e correspondente aos devidos objectivos políticos. E então, tanto o Presidente como outros dirigentes e deputados estariam vinculados a esse programa. Mas tal não acontece.

O actual Programa do PPD-PSD permite que alguns seus deputados, pela sua lavra, defendam ou votem a favor de políticas anti-Civilização, políticas antiportuguesas, políticas antibem-estar dos Portugueses. E até a favor das chamadas causas fracturantes como o aborto, a eutanásia, o homossexualismo, a adopção de crianças por homossexuais...

O actual Programa do PPD-PSD permite assim que alguns dirigentes seus, pela sua lavra, assinem manifestos eutanasistas, em conjunto com bloquistas, como o fez Rui Rio.

O actual Programa do PPD-PSD permite assim que alguns dirigentes e deputados seus, pela sua lavra, defendam políticas externas desastrosas para a independência nacional, como hoje não se cansa Paulo Rangel de fazer;

ou políticas nefastas para a vida directa dos portugueses, como o liberalismo económico de Pedro Passos Coelho e Miguel Morgado;

ou a permissividade bloquista de Carlos Coelho;

ou a doentia fragmentação administrativa de Rui Rio e do ex Santana Lopes;

ou a entrega da nossa soberania e economia a mãos alheias pela generalidade dos dirigentes do PPD-PSD, desde Cavaco Silva, Álvaro Amaro a Durão Barroso;

ou as «novas pedagogias» de David Justino e Pedro Duarte;

ou o prò-homossexualismo — activista, votante ou abstencionista — de Pedro Passos Coelho, Rui Rio, Ana Oliveira, Ângela Guerra, António Leitão Amaro, Berta Cabral, Carlos Coelho, Carlos Reis, Conceição Caldeira, Cristóvão Norte, Duarte Marques, Francisca Almeida, Gabriel Goucha, Joana Barata Lopes, José Eduardo Martins, Luís Menezes, Maria José Castelo Branco, Miguel Almeida, Mónica Ferro, Nuno Encarnação, Odete Silva, Paula Cardoso, Paula Teixeira da Cruz, Paulo Pereira Coelho, Paulo Rangel, Pedro Duarte, Sérgio Azevedo, Teresa Leal Coelho, Teresa Morais, etc., etc. — uns do passado recente, outros do presente.

O abuso de poder destes indivíduos nas costas da massa de membros do PPD-PSD e dos seus próprios eleitores é especialmente grave quando vem reforçar a agenda homossexualista do PS e BE, a que se atrela o PCP, hoje em grande ofensiva contra as crianças e jovens através do lóbi instalado no Ministério da Educação.

Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados de atitudes políticas de dirigentes e deputados do PPD-PSD contra a Civilização, contra a identidade e a independência nacional e contra o bem comum dos Portugueses, atitudes permitidas pela inexistência de um programa claro, com princípios morais e políticos claros, atitudes políticas tomadas nas costas do eleitorado do PPD-PSD.

SEGUNDO ASPECTO : A AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS MORAIS E POLÍTICOS
NAS ESCOLHAS

Os dirigentes e deputados deveriam ser escolhidos em função da sua convicção e capacidade de defesa desse programa de valores da Civilização, da independência nacional e do bem comum. Mas não são!

Salvo onde as estruturas do Partido funcionam normalmente — o que raramente acontece —, uma parte substancial dos dirigentes e deputados do PPD-PSD (tal como noutros partidos — onde menos nos importa) são simplesmente escolhidos por compadrios.

A consequência destas escolhas é a mediocridade, a incompetência e a confusão política, para que reinem os interesses dos caciques locais e da classe política central que domina o Partido. A consequência é oferecer o poder à esquerda, é a progressão da decadência moral, é o afundamento de Portugal como nação, é os Portugueses verem as suas vidas a andar para trás.

TERCEIRO ASPECTO : AS GUERRAS INTERNAS SEM PRINCÍPIOS MORAIS
E POLÍTICOS

Com a escolha de dirigentes e deputados por compadrios, isto é, servindo-se  eles próprios da política e do Partido como escadote, desaparece o sentido de prestar serviço a Portugal e aos Portugueses, sentido que deveria presidir ao exercício de funções políticas.

A disputa de lugares, de tachos ou de acesso a tachos ou negócios, ou a satisfação de vaidades onde os valores morais e políticos estão ausentes — à semelhança do PS, embora a uma menor escala, reconheça-se —, é a regra.

Cada vez que se fazem listas para deputados ou para órgãos do Partido, como agora se viu, surgem as lutas entre compadrios.

Contudo, nem todas as contestações à constituição de listas têm origem na corrupção moral e política. Existem excepções, existem contestações legítimas, fundamentadas quer nos princípios do regular funcionamento interno do Partido, que Rio violou, quer na defesa dos valores da Civilização, da identidade nacional, e do bem comum, que Rio despreza. Nestes casos de justa contestação, devemos apoiá-la sem reservas.

QUARTO ASPECTO: AS PREPOTENTES E DESASTROSAS DECISÕES DE RIO

Desta vez, pela mão de Rio, a prática tradicional, já de si má, agravou-se. Com efeito, as escolhas por compadrios atingiram agora o grau de autêntico escândalo, de consequências ainda imprevisíveis para o futuro do Partido. Rio levou mais longe o que já tinha feito na recente constituição da lista de candidatos ao Parlamento Europeu.

Por um lado, Rio incluiu nas listas indivíduos indignos, quer pelo seu baixíssimo nível político, quer pelo seu estatuto moral, quer pelas políticas «fracturantes» que alguns defendem. Para quem se apresentou como alguém que iria limpar a política com um  «banho de ética», naturalmente também limpar o Partido das suas fraquezas e podres, não deixa de ser curioso. Para quem ataca explicitamente um rival pela sua condição maçónica mas que, antes e depois, se rodeia e inclui nas suas listas os piores maçons, não deixa de ser revelador da sua verdadeira natureza, da ética em que tomou o seu banho.

Por outro lado, Rio, perfeito autocrata, sem qualquer pudor, exclui das listas pessoas que defendem valores da Civilização, pessoas que corajosamente se têm oposto à agenda homossexualista do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda — diga-se de passagem, enquanto Rio e a sua direcção assobiam para o lado, ou não incluísse nela adeptos da referida agenda. Do mesmo modo excluiu pessoas que se têm oposto ao seu namoro com o António Costa.

Rio não está a limpar o Partido mas sim a sujá-lo ainda mais.

EM CONCLUSÃO

Os resultados das próximas eleições serão da sua inteira responsabilidade. Tivesse ele feito melhor pelo Partido, e assim por Portugal, e não seriam uns maus resultados circunstanciais que o poriam em causa como Presidente do PPD-PSD. É ele, são as suas políticas, que o colocam em causa. Independentemente dos resultados, sejam eles maus ou catastróficos — outros não podemos infelizmente prever —, os campos já estão bem definidos. Com os seus critérios obscenos na constituição das listas, Rio encarregou-se, ele próprio, de se divorciar completamente do Partido. Com as suas escolhas para as listas eleitorais, umas escolhas com a legitimidade da função mas moral e politicamente desastrosas, outras sem qualquer legitimidade, Rio colocou a cereja no topo do seu bolo e assinou em definitivo a sua guia de marcha.

E DEPOIS DA MARCHA?...

Estão na mesa três cenários possíveis.

O primeiro cenário seria à equipa de Rio suceder outra de caras novas mas de igual valia. Ou até, com artimanhas de saneamentos e chapeladas de votantes residentes em casas que nem existem, ele próprio suceder a ele próprio. O PS agradeceria bastante.

O segundo cenário é ascender ao poder uma equipa menos má — o que não é difícil —, com alguma capacidade de produzir nos militantes e no eleitorado uma certa dose de ilusões, a que se sucedem as desilusões, as frustrações, os desânimos, as desmobilizações, à semelhança do que tem acontecido ao longo dos anos. Dura o tempo que durar, da mesma forma que outros mitos duraram algum tempo.

O terceiro cenário é surgir finalmente uma equipa com consciência e capacidade para implementar as políticas de defesa da Civilização, da identidade e independência nacional e do bem comum dos Portugueses.

Aguardemos.

Portugal Laranja, no seu Manifesto, aponta os princípios da acção política que considera essenciais para dar aos membros do PPD-PSD e aos portugueses a esperança que não fique frustrada a prazo.


Lisboa, 4 de Agosto de 2019