domingo, 21 de maio de 2017

Professora da Sorbonne denuncia a ditadura subtil e implacável dos media


Luis Dufaur, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, 19 de Maio de 2017

A professora da Sorbonne Ingrid Riocreux lançou o livro La langue des médias, destruction du langage et fabrication du consentement (A língua dos media. A destruição da linguagem e a fabricação do consenso, Editions du Toucan, 336 págs)

Foi entrevistada pela BSCNews e descreveu o seu itinerário intelectual. Quando ditava cursos de retórica para futuros jornalistas na Sorbonne, optou por haurir exemplos dos media mais acatados.

Ingrid Riocreux,
professora na Universidade da Sorbonne, Paris
Foi a primeira a ficar surpreendida, porque se deparou com um modo de falar típico dos jornalistas. Este é construído com fórmulas feitas, com uma sintaxe e slogans que embutem um «pré-pensamento» que condiciona a intelecção dos leitores.

A professora Ingrid considera-se membro da «geração 21 de Abril» de 2002, data em que o candidato da direita Jean Marie Le Pen afastou da segunda volta o candidato socialista Lionel Jospin.

Naquela época, não se interessava pela política e não sabia o que tinha acontecido. Mas subitamente deparou-se com os seus colegas de estudo em crise, chorando e deblaterando contra os «cúmplices do fascismo». «Le Pen – esbravejavam eles – é como Hitler!»

E Ingrid achou que este modo de reagir era abusivo e bestificante. Percebeu algo profundamente errado na linguagem dos media, que determinava reacções mal encaixadas. A singularidade do facto entrou-lhe pelos olhos e começou a reflectir.

Agora que é professora na famosa Sorbonne, conclui que os media estão continuamente a querer impor às pessoas o que estas têm que pensar sobre este ou aquele assunto.

Os grandes media querem definir qual é o pensamento autorizado e qual não, no fundo e na forma.

A professora então quis abrir os olhos dos alunos, mas estes respondiam-lhe: «Na televisão, eles falam desta maneira».

Ingrid percebeu que falava para jovens criados sem pensamento crítico. Eles reagiam como que hipnotizados pelos slogans dos grandes media. E sobre assuntos tão diversos como imigração, mudanças climáticas, condições das mulheres, pedagogia, costumes, direitos humanos, etc.

Esta ideologia não se reduz à doutrina deste ou daquele partido, mas funciona como um dogma. Todo o mundo tem que acertar o passo com ele, ainda que só na aparência, com medo a ser excluído do convívio.

Em poucas palavras, uma Inquisição que reprime o pensamento individual e pune quem viola o dogma por ela concebido.

Inquisição que reprime quem pensa diferente e, por esse crime, põe em perigo a submissão universal ao dogma oficial mediaticamente definido.

«A língua dos media, a destruição
da linguagem e a fabricação do consenso»,
o livro de Ingrid Riocreux.
É uma polícia do pensamento que não condena à morte quem julga por si próprio, mas exige que cada indivíduo se humilhe, recite o seu acto de contrição para poder fazer uma vida normal.

Se o dissidente continuar com ideias próprias, passará a ser desacreditado e tudo o que diga será recebido com derrisão por princípio.

Esta Inquisição mediática emite condenações morais. Quem não pensar como ela será acusado de racista, de «extremista de direita» – no Brasil, de «tefepista» – e condenado a um exílio intelectual.

Esta Inquisição – o IV Poder referido por Carlos de Laet – passa por cima das fronteiras políticas. Ele funciona como o regente da consciência dos indivíduos e das colectividades, da moral, do senso do bem e do mal – aliás, ateu – da nossa época.

Para a professora da Sorbonne, há uma conduta totalitária dos jornalistas vão atrás dos «desvios» daqueles que não afinam com a onipresente Inquisição.

Isto já é ensinado nas escolas de jornalismo, com senhas identificadoras e sistemas de pressão enormes.

Mas hoje atingimos o fundo do poço. Então, dizer que a opinião pública se desinteressa do que diz os media é pouco.

Hoje há uma desconfiança em relação aos media, observa a professora da Sorbonne. Existe até negócio para um político fazer-se detestar por grandes grupos informativos e aparecer como alvo da imprensa.

Trump fez-se eleger em grande parte com esta estratégia. Hoje os media adoptaram o método do tiro pela culatra: quando mais elogia alguém, mais o afunda, e quanto mais o critica, mais o faz subir, ainda que não o queira.

Chega-se assim ao fenómeno das chamadas «medias alternativas» ou «não conformistas» que, falando através de blogs, sites caseiros ou redes sociais gratuitas, tiram um enorme benefício.

O público que não confia nos grandes media vai procurar a informação nestas «medias alternativas», as quais até geram outros problemas ao inspirarem excessiva confiança. Mas, independentemente das críticas que lhes possam ser feitas, o David «alternativo» está a jogar por terra o «Golias» macromediático.

Ingrid recomenda uma sã desconfiança em relação a qualquer fonte de informação e um estímulo ao espírito crítico.

A professora da Sorbonne conclui que há «um verdadeiro menosprezo dos grandes media por todos nós. Ela [os media] aborrece esta gentalha [nós], que considera retrógrada e temerosa, reaccionária face ao progresso e minada pelas más inclinações (conservadorismo, etc.)».

«Os media considera um dever corrigir a nossa natureza vilã, e quer reeducar-nos».





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